Jéssica Moraes

Jéssica Moraes

9 minutos de leitura

A carreira em UX Design é extremamente promissora. Afinal, a experiência do cliente está entre as principais prioridades, superando a ideia de que apenas um design arrojado basta. 

Se o seu produto não resolver problemas reais e não oferecer praticidade, a estética dele, por si só, não será suficiente. Partindo desse pressuposto, o UX Design é uma área abrangente e altamente requisitada no mercado.

Com isso, os profissionais da área, conhecidos como user experience designers, estarão cada vez mais presentes nas empresas, criando jornadas para produtos digitais em diversos contextos.

Para entender mais sobre o tema e descobrir como iniciar uma carreira em UX Design, trouxemos dicas valiosas da especialista Marianna Piacesi, fundadora da Vagas UX, Senior Product Designer da WeFit e participante do Mesa de Produto, da PM3. Boa leitura!

Veja também: Por que o Problem Framing é tão importante para o Product Design?

O que faz o UX designer?

Antes de nos aprofundarmos nas dicas e desafios da carreira, é fundamental entender o que faz um UX designer. Esse profissional da área de design tem como principal objetivo otimizar a experiência do usuário em suas interações

Segundo Marianna, “suas criações não são elaboradas apenas para ter um visual atrativo, mas, sobretudo, para atender e superar as expectativas em termos de usabilidade.”

Por exemplo, a intenção é incentivar ações esperadas por meio da escolha da cor certa, aplicada a um botão específico posicionado no local mais adequado. A jornada do cliente deve ser fluida, intuitiva, sem que ele precise “quebrar a cabeça”.

Focar apenas em um visual arrojado pode, sim, despertar a atenção e o interesse do público para um post, site ou produto. No entanto, isso não garante conversões em vendas ou a fidelização de seguidores.

Por isso, o UX designer busca sempre “unir o útil ao agradável”, propondo soluções que resolvam dúvidas, atendam às necessidades ou solucionem problemas do cliente. 

Portanto, ele adapta suas criações ao usuário, centrando seus esforços no ser humano e facilitando as ações esperadas.

Como dar início à carreira em UX Design?

Agora que você já sabe exatamente quais são as atribuições de um UX Designer, pode estar se perguntando como iniciar na carreira e, claro, alcançar o sucesso.

Em primeiro lugar, muitos profissionais começam ainda na faculdade. No entanto, para a especialista Marianna Piacesi, essa é uma questão relativamente polêmica. 

“Não é uma obrigatoriedade ter uma faculdade para entrar na área de design […] Mas não podemos dizer que isso é a base. É importante ter uma formação, continuar os estudos. Então, assim, não quer dizer que a não obrigatoriedade significa que não deve ter.”

De modo geral, a formação acadêmica é um pré-requisito para muitas empresas, pois contribui para o networking e ajuda a desenvolver uma base teórica

Por outro lado, por ser uma área relativamente nova, ainda é difícil encontrar formações de excelência e conteúdos especializados em cursos de graduação ou pós-graduação.

Outra questão a se considerar: se você observar o dia a dia, perceberá que as pessoas estão mais focadas em cursos técnicos. Mas por quê?

As soft skills são essenciais, mas também é fundamental saber utilizar ferramentas específicas de design, como Figma — algo que muitas faculdades não dão tanto foco, já que costumam priorizar a teoria.

Resumindo, a área de design é, em grande parte, técnica e valoriza a prática

Quem são os profissionais de design?

Por valorizar mais a prática, a carreira em UX Design acaba atraindo até mesmo profissionais de outras áreas, que buscam realizar uma transição de carreira ou agregar novos conhecimentos.

Entre esses profissionais, podem estar jornalistas, arquitetos, advogados, publicitários, médicos e biomédicos. 

Alguns já demonstram aptidão para ingressar na nova área, enquanto outros desenvolvem essas habilidades por meio de cursos, mentorias e conversas com designers mais experientes. 

Aliás, a própria Marianna Piacesi, formada em Publicidade e Propaganda, investiu em sua transição para o design por sempre gostar dessa área, por seu perfil criativo e pela família que tinha apreço. 

Se você acredita que para migrar para a carreira em UX design precisa saber desenhar, a especialista ressalta: “é um mito achar que precisa saber desenhar, isso não existe. Não tem nada a ver.”

Qual a importância das soft skills?

Se por um lado saber desenhar não é estritamente necessário para a carreira em UX Design, por outro, o conhecimento estratégico e o domínio de métricas financeiras são relevantes, sim. 

No entanto, as soft skills ainda são bastante negligenciadas. Adiantamos: não se resumem apenas a “saber ouvir o outro”.

Para Piacesi, “é saber ouvir de verdade, ficar quieto durante uma apresentação para entender o que o outro tem a dizer, analisar se faz sentido, descobrir como transmitir a informação de outra forma. É conseguir conectar coisas que ninguém falou para você. Por exemplo, você ouviu sobre algo, faz sentido repassar para outra equipe?”

Portanto, trata-se da união entre pensamento estratégico e soft skills. Na prática, busque maneiras de:

  • saber ouvir verdadeiramente o outro;
  • transmitir conhecimento com clareza;
  • entender o que vale ou não ser compartilhado;
  • falar em público; e outras habilidades semelhantes. 

Tudo isso deve ser constantemente desenvolvido e/ou aperfeiçoado ao longo da sua trajetória profissional. 

Uma sugestão: se você está curtindo o tema, assista à entrevista completa com Mah Piacesi no vídeo “UX Design: os primeiros passos para construir uma carreira de sucesso”, do programa Mesa de Produto.

Os primeiros passos na carreira em UX Design

Logo nos primeiros tópicos, mencionamos que a faculdade é válida, mas não é um requisito essencial. 

Se você deseja migrar ou dar início à carreira em UX Design, Marianna Piacesi revela: “a ideia é você focar em uma ferramenta que possa especializar, de preferência, hoje, no mercado, estamos falando do Figma.”

Vamos lá: isso não é um impeditivo. A sugestão é válida porque o Figma é gratuito, tem comunidades de apoio acessíveis e é uma ferramenta bastante popular no mercado.

Além disso, a especialista também orienta a criação de um portfólio, no qual você tenha aplicado pelo menos um case bem detalhado. É imprescindível que você tenha praticado um pouco de cada etapa da área de UX. 

Vamos supor que você tenha domínio sobre o Figma, mas não tenha explorado tão profundamente a parte de pesquisa ou teste de usabilidade. Segundo Marianna, isso pode ser prejudicial caso você não apresente esses elementos no seu material.

Lembre-se: recrutadores e líderes querem saber como você pensa.

Muitas pessoas ou não sabem deixar isso claro ou seguem uma abordagem muito padrão, como uma “receita de bolo.” Mas o portfólio precisa conter claramente um problema, uma solução e um protótipo. Isso não deve ser apenas algo vago ou superficial. 

Procure destrinchar ao máximo o problema e explicar como chegou àquela solução, mesmo que o case seja fictício. Defina persona, jornada e, principalmente, realize testes.

Pergunte aos usuários, colete sugestões, veja o que precisa ser ajustado — esse é um passo importante para validar suas decisões.

Além disso, Marianna aponta que muitos designers já estão saturados de pegar redesigns, ou seja, todo mundo faz isso. Ela dá o exemplo da Netflix: “é incrível, e recriá-la não faz sentido.”

Você até pode criar um novo design, mas não é o mais recomendado. O ideal é escolher algo que realmente apresente um problema e propor uma solução que faça uma diferença significativa, caso você invista nesse desafio. 

Se estiver considerando um redesign, foque em algo que não seja tão conhecido ou em um site mal feito. O desafio será muito maior, mas o aprendizado também.

Quais as perspectivas para o futuro em UX?

Portfólio ajustado, mas entender as perspectivas futuras é algo que interessa aos profissionais que estão iniciando a carreira em UX Design. Sobretudo com a chegada da Inteligência Artificial (IA).

O Figma, por exemplo, lançou uma atualização com IA, mas acabou voltando atrás devido a um problema: a IA estava copiando elementos da Apple, o que gerou um verdadeiro caos.

Para Marianna, “toda ferramenta de IA é para ser utilizada a nosso favor. Não acredito que isso vai substituir o nosso trabalho, justamente porque ele é estratégico. Então, não tem como substituir a parte estratégica, é uma coisa que só o ser humano consegue pensar, diferenciar e entender onde chegar.”

Logo, não há motivo para se preocupar. Porém, invista em se tornar um profissional mais estratégico, saber explicar o raciocínio por trás das suas propostas e buscar conteúdos e cursos que ajudem a desenvolver um design alinhado às expectativas do mercado.

Assista ao episódio do nosso Mesa de Produto 100% dedicado ao UX Design

Um ótimo ponto de partida é assistir aos conteúdos do programa Mesa de Produto, da PM3. Principalmente o episódio em que conversamos com a Mari Piacesi, que entregou tudo o que uma pessoa aspirante a UX designer precisa ter para começar na carreira:

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