Colocar feature no ar nunca foi tão fácil. Acertar qual colocar, nunca foi tão difícil.
Seja por causa da IA, da popularização do open source ou de processos cada vez mais maduros, o fato é: ficou mais rápido, barato e acessível lançar uma nova funcionalidade no ar.
Mas aqui vai um outro fato que pouca gente gosta de encarar: colocar no ar a coisa certa continua tão difícil quanto sempre foi.
E agora não é mais só feeling de quem trabalha com produto há anos. Tem dado pra provar:
- 90% das funcionalidades lançadas não entregam valor real aos usuários (UXDX, 2023).
- 70% dos projetos de transformação digital não atingem seus objetivos, mesmo com entregas mais rápidas (BCG, 2024).
Ou seja: a gente está ficando cada vez melhor em executar. Só que continua pecando na direção.
Então, como priorizar a feature certa?
Spoiler: não tem fórmula mágica. Mas existem alguns princípios que, mesmo sendo simples, são raros de ver por aí.
E não, não estamos falando em pedir pra IA gerar 300 ideias de features em 5 minutos.
Times excelentes fazem algo mais básico, porém muito mais difícil: eles escutam. De verdade. Escutam o usuário, sim. Mas escutam também o suporte, o comercial, o sucesso do cliente, os dados de uso (não só o dashboard bonitinho no Notion). Escutam uns aos outros. E cruzam tudo isso com a estratégia do negócio.
A diferença não está em ter mais ideias. Está em ter as ideias certas, na hora certa.

Dizer “não” virou uma habilidade estratégica
Ser excelente em priorização significa ter a coragem de dizer “não” pra 90% das sugestões. Mesmo quando vêm do C-level, mesmo quando brilham os olhos da liderança.
Porque você sabe exatamente qual problema está tentando resolver agora.
E ignorar esse princípio tem um custo:
- 44% dos projetos ágeis falham por más práticas de priorização e comunicação (The Register, 2024).
- A maioria dos testes A/B não tem poder estatístico suficiente, levando a decisões baseadas em dados enganosos (Kohavi et al., 2022).
Três ingredientes pra saber como priorizar a feature certa:
- Contexto.
Não adianta pedir autonomia se você não compartilha o mapa do jogo. - Coragem.
Porque fazer a escolha certa pode significar frustrar lideranças — e segurar a pressão. - Foco.
Em um mar de sprints, squads e hype, foco virou um superpoder.
Na próxima reunião de roadmap…
Segura a ansiedade. Respira fundo. E se faz uma pergunta simples:
“Isso resolve um problema real, agora, pra alguém que importa pro negócio?”
Se a resposta for “não sei”, ótimo.
Você acabou de encontrar seu próximo trabalho. Continua importante saber as metodologias de produto para fazer um bom trabalho. Mas agora você precisa saber usar a IA para acelerar as etapas do duplo diamante, conforme falei aqui.