Olá, Product Managers do Brasil, tudo bem?
Nossa profissão é recheada de responsabilidades. Já ouvi por aí que somos pequenos “CEOs”, o que discordo fortemente. Nosso papel vai além da busca pela receita: conectamos estratégias, stakeholders e clientes, com um impacto que transcende os números.
Apesar de ser uma discussão antiga, esse conceito ainda gera confusão — e reflete diretamente em como gerimos nossas carreiras. Com tantas atribuições, é difícil definir onde melhorar. Pensa bem:
- Hard Skills: gestão de iniciativas, análise de dados, análise de mercado, estratégia de negócio, mapeamento de riscos.
- Soft Skills: empatia, adaptabilidade, pensamento crítico, liderança, comunicação.
Melhorar em tudo é impossível. E aqui vai um banho de água fria: você precisa priorizar aquilo que a empresa mais necessita de você em cada momento. Sua evolução não é linear; ela é moldada pelas demandas do ambiente em que você está inserido.
Hoje, vou compartilhar um guia prático para transformar feedbacks qualitativos em dados quantitativos e construir um PDI (“Plano de Desenvolvimento Individual”) com o apoio de ferramentas de IA.
Veja também: O que é Six Sigma e como aplicar a metodologia na prática
Esse conteúdo é para você que:
- Sente dificuldade em identificar o que priorizar no seu desenvolvimento como Product Manager.
- Quer transformar feedbacks em ferramentas práticas para sua evolução profissional.
- Precisa de uma abordagem estruturada para criar um PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) eficaz.
- Tem interesse em usar inteligência artificial para facilitar a organização e análise de informações.
- Deseja construir melhores conexões com stakeholders e compreender as expectativas do seu ambiente profissional.
- Está comprometido em alinhar seu crescimento pessoal às necessidades do mercado e da empresa.
Ao final deste guia, você terá um passo a passo prático para mapear feedbacks, transformá-los em dados quantitativos e construir um plano claro e acionável para sua carreira. Bora?
Os 6 passos do processo de …
- Mapeamento
- Captação
- Documentação
- Refinamento
- Construção
- Priorização
Passo 1: mapeamento
Com quais stakeholders você tem contato direto? Defina quais stakeholders possuem habilidades que você gostaria de ter e marque um café. ☕
Crie pautas alinhadas ao seu objetivo e ao público:
- Para times operacionais (mais próximos de você, como seus pares)
- Para stakeholders estratégicos (mais distantes).
Dica de ouro: Feedback cria conexão. Não hesite em abordar aquela diretora que você admira, mesmo que ela não faça parte do seu dia a dia. Lembre-se: grandes mentores já passaram pelos desafios que você enfrenta hoje.
Passo 2: captação
Envie um convite claro e estruturado para cada stakeholder, antecipando as perguntas a serem discutidas. Assim, eles também podem se preparar. Aqui estão dois exemplos para você incluir na pauta do invite:
Para stakeholders operacionais:
“Oi [Nome],
Quero aproveitar este momento para ouvir suas perspectivas e explorar como podemos fortalecer nosso produto e time. A ideia é que seja uma conversa fluida e construtiva, com espaço para alinharmos expectativas e insights.
Aqui estão alguns pontos que gostaria de abordar:
Processos: O que estamos fazendo bem e o que precisamos melhorar?
Feedback: Há algo que você acredita que eu poderia fazer de forma diferente ou melhorar?
O objetivo é principalmente escutar e entender como posso ser ainda mais efetiva.
Se houver algo adicional que você queira trazer para discutirmos, será super bem-vindo!”
Para stakeholders estratégicos:
“Oi [Nome],
Quero aproveitar este momento para ouvir suas perspectivas e explorar como podemos fortalecer nosso produto e time. A ideia é que seja uma conversa fluida e construtiva, com espaço para alinharmos expectativas e insights.
Aqui estão alguns pontos que gostaria de abordar:
Desafios e oportunidades: Há algum desafio ou preocupação específica que você vê em relação ao nosso produto ou time?
Comunicação: Qual a melhor forma de manter você atualizado(a) sobre o progresso do produto?
Feedback: Há algo que você acredita que eu poderia fazer de forma diferente ou melhorar?
Se houver algo adicional que você queira trazer para discutirmos, será super bem-vindo!”
É importante tentar entender fortalezas e fraquezas, tanto em você e na sua estratégia como também no que é esperado de você, pensando em carreira.
Crie a pauta estruturada, marque as reuniões e avise os stakeholders de que reservou meia hora na agenda deles para esse papo, reforce a data, o horário e o que é esperado.
É natural que alguns deles retornem com novas datas, também que desmarquem algumas vezes — mas não desista, siga até conseguir concluir essa etapa.
Dica de ouro: Muitos stakeholders estratégicos não vão saber o que falar, por não estarem tão próximos de você, então puxe para a experiência profissional deles. Eu, por exemplo, gosto de pedir referências de livros — ou os que foram fundamentais para eles, ou os que estão lendo agora. Isso pode ajudar a criar conexão e, a partir disso, a conversa flui.
Passo 3: documentação
Um dos passos mais importantes de todo o processo.
Durante as reuniões, avise que irá registrar os pontos discutidos.
Isso irá garantir o “database” para a construção do PDI.
É importante avisar, pois é esperado que você digite absolutamente todas essas conversas! Pense: quem nunca participou de uma reunião em que a outra pessoa, que supostamente deveria estar prestando atenção, parece estar fazendo outra coisa? Reforce que este não é o caso e, assim, não perca a conexão!
Algumas outras dicas:
- Peça exemplos: Não entendeu algo ou ficou com uma leve dúvida sobre o que foi dito? Não hesite em pedir exemplos. Mostrar que você quer entender a fundo demonstra seriedade e compromisso com sua evolução. Lembre-se: você está priorizando sua carreira, então garantir clareza é essencial.
- Não leve para o pessoal: Feedback é baseado no ponto de vista do outro, e nem tudo que é dito vai se aplicar a você. Isso é normal, e está tudo bem. Filtre as informações e use o que faz sentido para o seu desenvolvimento.
- Evite retrucar: Você está lá para ouvir, não para justificar. Caso a pessoa pergunte se você concorda ou se faz sentido discutir algo, responda de forma breve, mas considere marcar uma segunda reunião para abordar o assunto com mais profundidade. Antes disso, deixe o feedback “assentar”.
- Controle suas emoções: É natural sentir desconforto ao ouvir algo que não agrada, mas evite entrar no modo “defensivo”. Respire fundo, processe o que foi dito e mantenha o foco no aprendizado.
Passo 4: refinamento
Depois de documentar todos os feedbacks, provavelmente você gerou um texto longo e sem estrutura — então é hora de organizá-los e extrair insights claros.
Aqui é onde a IA brilha no processo. Mas, como?
Neste guia, utilizamos o ChatGPT como a ferramenta principal para organizar e refinar feedbacks. Escolhi essa ferramenta por ser acessível, intuitiva e eficiente para transformar dados qualitativos em insights práticos. Algumas das tarefas em que a IA pode ajudar incluem:
- Resumir feedbacks extensos: Após registrar suas conversas com stakeholders, você pode usar prompts como “Resuma os principais pontos dessa reunião em bullet points”. Isso ajuda a estruturar informações de forma clara e acionável.
- Identificar padrões: Se você tem múltiplos feedbacks de diferentes fontes, a IA pode ajudar a identificar tendências ou temas recorrentes.
Embora o ChatGPT seja a escolha aqui, outras ferramentas como Jasper ou Claude AI também podem atender, dependendo do seu contexto. O importante é entender como essas soluções podem agilizar etapas repetitivas e liberar mais tempo para análise estratégica.
Neste momento, mantenha o que é essencial. Leia o resumo gerado, ajuste o que for necessário e garanta que a essência dos feedbacks seja preservada.
Passo 5: construção
Agora é hora de brilhar, ops, digo: quantificar.
Lembra da famosa “Roda de Competências” de Produtos?

Nós iremos atribuir notas de 1 a 7 para cada habilidade. Sendo:
- 1: Você não possui conhecimento ou prática.
- 7: Você domina completamente e aplica com excelência no dia a dia.
Entretanto, antes de agir com base no achismo — mesmo que você já tenha em mente dados qualitativos e um forte “feeling” — certifique-se de transformar esse conhecimento em um score concreto. Cada grande habilidade contempla diversas outras pequenas:

Se para ser bom em uma habilidade, você precisa ser tão bom quanto em diversas outras — crie notas intermediárias para que a média delas seja entre 1 e 7.
Ou melhor, lembra que você criou o “database” de feedbacks?
Use novamente IA neste processo!
- Transformar insights em notas: Para quantificar feedbacks e atribuir scores na sua roda de competências, use prompts como “Com base nos seguintes feedbacks, avalie as competências em uma escala de 1 a 7”.

Prontinho! Agora é só plotar na sua “Roda de Competências” e ver o que mais se destaca como oportunidade.

Um bom exercício também pode ser se auto avaliar e depois comparar com as notas individuais dos stakeholders, assim você conseguirá alinhar expectativa vs. realidade.
Passo 6: priorização
Com a mágica em mãos, ou melhor: dados, que tal construir um PDI?
Organize um plano de ação claro:
- Onde você precisa focar agora?
- O que pode esperar?
Peça acompanhamento regular da sua liderança.
Continue fazendo 1:1s recorrentes para avaliar seu progresso e continue documentando no seu “database” — afinal, somos uma “metamorfose ambulante”.
Em resumo, saia da caixa! Priorizar não é só importante para o produto, mas também para sua carreira. Use as ferramentas certas, parta de você e leve seu desenvolvimento a um novo patamar: otimize seu tempo para focar no que realmente importa — evoluir constantemente!
Ah, quer uma Roda de Competências para começar?
A PM3 tem uma excelente para você:
Espero ter ajudado. Vamos juntos!