Victoria Carneiro

Victoria Carneiro

10 minutos de leitura

Os frameworks de Product Discovery são recursos essenciais para otimizar o processo de desenvolvimento de um novo produto. Afinal, a descoberta dos problemas reais que um produto resolve não acontece de maneira aleatória. 

Por trás de uma solução bem-sucedida, existem procedimentos estruturados para entregar o melhor para o mercado e os usuários do produto. É nesse sentido que os frameworks de Product Discovery desempenham um papel crucial.

Eles oferecem modelos estruturais eficientes para identificar os problemas reais do mercado e oferecer soluções para eles.  Acompanhe a leitura e entenda para que servem os frameworks de Product Discovery, as principais abordagens usadas por gerentes de produto e como escolher a estrutura ideal para uma empresa.

O que é Product Discovery?

Product Discovery é o processo de identificar problemas reais do mercado, validar hipóteses, refinar ideias e encontrar soluções adequadas para resolvê-los por meio do desenvolvimento de produtos realmente úteis e eficientes.

Nessa etapa de desenvolvimento do produto, a empresa pode, efetivamente:

  • avaliar os riscos envolvidos no processo de desenvolvimento;
  • economizar recursos e tempo; 
  • validar ideias e hipóteses antes de desenvolver a solução;
  • tomar decisões precisas baseadas em evidências etc.

Os profissionais utilizam diversos modelos que ajudam a estruturar as práticas de Product Discovery de acordo com as necessidades do negócio, visando o melhor aproveitamento do processo. 

Para que serve e qual é a importância dos frameworks de Product Discovery?

Os frameworks de Product Discovery são usados para estruturar a etapa de descoberta e validação de hipóteses, antes do desenvolvimento de um produto.

Um dos principais desafios de Product Managers ao começar o desenvolvimento de um novo produto é conseguir identificar os problemas certos a se resolver. 

Além disso, visto que essa é uma etapa ainda exploratória e com poucas definições, pode ser desafiador alinhar os objetivos de negócio às reais necessidades dos usuários, transformando-os em um produto bem-sucedido no mercado. 

Nesse sentido, os frameworks de Product Discovery são ferramentas indispensáveis para: 

  • estruturar de maneira sólida e eficiente o desenvolvimento de um produto;
  • identificar os problemas certos a serem resolvidos;
  • priorizar aspectos que são realmente significativos para o negócio;
  • evitar custos desnecessários;
  • alinhar as equipes envolvidas no desenvolvimento do produto, trazendo clareza sobre os objetivos e metas e tornando a colaboração mais eficiente;
  • tomar decisões de negócios baseadas em dados concretos e reais. 

5 opções populares de frameworks de Product Discovery

Na área de design e desenvolvimento de produtos, há diversos frameworks de Product Discovery usados para otimizar as práticas de Discovery. A escolha dependerá da realidade da empresa, dos seus objetivos e das formas de operar.

Cada modelo tem suas características únicas, vantagens e etapas estruturadas que podem ser aplicadas em diferentes contextos. No entanto, todos eles têm como objetivo estruturar da forma mais eficiente o processo de Discovery.

Alguns frameworks bastante populares no contexto de produto, são:

Conheça detalhes sobre cada um deles.

Double Diamond

O método de design Double Diamond usa uma abordagem de divergência e convergência. Primeiro, busca explorar de maneira profunda problemas complexos identificados. Depois, foca nas soluções mais adequadas para os objetivos de negócio. 

Ele é dividido em quatro etapas principais em um diagrama de dois diamantes, alternando entre pontos de divergência e convergência em cada um. Confira:

  1. descobrir (divergência): pesquisar de forma ampla, coletar insights e entender o contexto do problema;
  2. definir (convergência): sintetizar as descobertas feitas e definir com clareza o problema a ser resolvido;
  3. desenvolver (divergência): gerar ideias que potencialmente resolvem o problema definido em um processo de exploração amplo;
  4. entregar (convergência): filtrar as principais soluções, criar protótipos, testar e implementar aquelas validadas.

Design Sprint

Desenvolvido pela Google Ventures, o framework de Design Sprint consiste em um processo rápido e iterativo de cinco dias, que representa também as cinco etapas do método. 

O objetivo do Design Sprint é testar ideias e validar hipóteses de forma rápida em um ciclo imersivo de cinco dias. Ao final do circuito, a equipe multidisciplinar deve criar um protótipo do produto e testá-lo com usuários reais para validar a ideia. 

Nessa metodologia ágil, cada dia serve um propósito diferente. Assim, as etapas de Design Sprint são:

  1. entender: identificação de oportunidades e definição do problema a ser resolvido;
  2. esboçar: exploração de ideias e geração de possíveis soluções para o problema;
  3. decidir: seleção das ideias que têm mais potencial para resolver o problema;
  4. prototipar: criação do modelo do produto a ser testado pelos usuários;
  5. testar: teste do protótipo do produto com potenciais usuários da solução para validar a hipótese.

Lean UX Canvas

O Lean UX Canvas é outro framework muito interessante para as práticas de Discovery. Como o nome sugere, esse modelo baseia-se nos conceitos de Lean Startup e de UX, tendo como foco a rápida validação de hipóteses.

Criado por Jeff Gothelf, o Lean UX Canvas é um método centrado na experiência do usuário. Utiliza um modelo visual colaborativo para responder perguntas cruciais para validar hipóteses com rapidez. 

Recentemente, o modelo foi atualizado, tornando-se The Lean Product Canvas. Essa abordagem concentra-se em etapas como:

  • identificação dos problemas em que o negócio precisa focar no momento;
  • resultados esperados pela empresa para a resolução dos problemas;
  • quem são os usuários que merecem atenção nesse momento no desenvolvimento da solução;
  • resultados esperados pelos usuários (benefícios e Jobs to Be Done);
  • soluções que atendam aos requisitos de negócio e às necessidades dos usuários;
  • formulação das hipóteses a serem validadas com base em todas as suposições levantadas;
  • experimentação e validação das hipóteses mais fortes.

Opportunity Solution Tree

Outro framework visual, é o Opportunity Solution Tree (OST). Esse modelo é ideal para times que querem visualizar diversos cenários (problemas) e suas possíveis soluções de maneira sistemática.

Assim, é ideal para ajudar a verificar e priorizar soluções em um contexto em que há um terreno amplo de oportunidades.

As principais etapas do OST, apresentadas em um diagrama visual, são:

  • resultado esperado: definição clara dos resultados esperados ou objetivos a serem alcançados com o produto, de acordo com os objetivos da empresa ou dos usuários;
  • oportunidades: mapeamento das oportunidades identificadas para os resultados esperados. Essa etapa é exploratória, e visa incluir diferentes perspectivas e possíveis oportunidades para um mesmo problema;
  • soluções: visa explorar possíveis soluções para cada oportunidade identificada no passo anterior, ajudando a priorizar aquelas que mais fazem sentido para os objetivos e resultados esperados;
  • testes: após a priorização das possíveis soluções, pode começar o processo de experimentação. Os testes realizados vão validar ou não as soluções propostas em relação aos resultados esperados.

Jobs to Be Done (JTBD)

A abordagem do Jobs to Be Done (JTBD) tem como foco a perspectiva dos usuários sobre os problemas que eles buscam resolver com a solução, em vez de focar nas funcionalidades do produto. 

Assim, leva em consideração os insights extraídos diretamente desses usuários sobre as “tarefas” (jobs) que precisam realizar para resolver essas demandas. A partir disso, pode-se criar produtos e serviços mais alinhados à essa perspectiva. 

Com o framework do JTBD, o time de produto tem a oportunidade de beber diretamente da fonte – o consumidor – para orientar suas práticas e criar produtos funcionais e realmente úteis.

As principais etapas desse processo são:

  • identificar as tarefas (problemas) a partir da perspectiva do usuário;
  • dividir os problemas encontrados e priorizá-los com base nas necessidades identificadas;
  • considerar os resultados esperados em cada “job” no processo de desenvolvimento;
  • propor soluções e desenvolver protótipos para testá-las;
  • coletar feedback dos próprios usuários para validar a solução.

Como escolher o framework adequado?

Como visto, existem diversos frameworks de Product Discovery que podem ser incorporados no desenvolvimento de um produto. Para escolher aquele que se alinha às necessidades um time e de um negócio, considere alguns fatores, como:

  • definir objetivos claros para o processo de Discovery;
  • considerar o contexto e os recursos disponíveis;
  • alinhar o framework com a cultura organizacional.

Confira detalhes.

Definir objetivos claros para o processo de Discovery

Identificar os objetivos é o primeiro passo para escolher o framework ideal. Para isso, considere a complexidade do problema, o escopo e os principais desafios para alcançar os resultados. 

Por exemplo, se o objetivo é validar uma hipótese com rapidez, o Lean UX Canvas ou o Design Sprint podem ser ideais para isso. Já se a empresa quer focar na experiência do usuário para entender que caminho seguir, o JTBD pode ser uma boa escolha.

Considerar o contexto e os recursos disponíveis

Cada framework tem requisitos específicos. Assim, também é fundamental pensar na complexidade de cada modelo, compreender o nível de maturidade da equipe, entender se estão alinhados ao contexto da empresa e quais os recursos disponíveis (tempo, financeiro etc.).

Por exemplo, se o time tem um timebox curto para entregar o produto, é importante considerar abordagens mais ágeis e diretas. Se o objetivo é explorar hipóteses de maneira mais profunda e complexa, modelos mais robustos são os ideais.

Alinhar o framework com a cultura organizacional

Outro aspecto importante a considerar é o alinhamento da abordagem com a cultura organizacional. Nesse processo, verifique aspectos como: 

  • os tipos de métodos adotados pela empresa, por exemplo, metodologias ágeis, e os melhores frameworks para esse tipo de atuação;
  • se a empresa é aberta ou utiliza uma abordagem de experimentação contínua;
  • qual é o nível de familiaridade da equipe com práticas colaborativas;
  • qual é o nível de envolvimento dos líderes e gestores nesse processo etc.

Garantir esse alinhamento é crucial para que as práticas de Discovery sejam efetivas e tragam os resultados esperados.

Conclusão

Os frameworks de Product Discovery são modelos estruturais indispensáveis para desenvolver produtos que atendam às reais necessidades do público e obter sucesso no mercado. Agora você conhece as principais abordagens usadas por PMs e quando usá-las.

Se você é da área de Produto e quer se aprofundar nas práticas Discovery, precisa conhecer a formação em Product Discovery da PM3

Você aprenderá detalhes de todo o processo e como aproveitá-lo para garantir o desenvolvimento efetivo de um produto e seu sucesso no mercado. Saiba mais sobre o curso de Product Discovery e matricule-se hoje mesmo!