Giuliette Bortoletto

Giuliette Bortoletto

7 minutos de leitura

Querido PM, sei que você imaginava que seria o criador do seu roadmap de ponta aponta… mas a vida corporativa não é bem assim. Em muitas empresas, a história é a mesma: o roadmap nasce pronto, vem do topo e o time vira apenas executor. Como diria Carol Orlando: “Se a liderança traça a rota sozinha, o time vira só carregador de mochila.”

Mas será que precisa ser assim?

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Formas mais colaborativas de construir um roadmap

Em um dos contextos em que atuei, trabalhamos com um processo que envolvia cocriação das funcionalidades em parceria com várias áreas: UX/UI, time técnico, negócios e times de apoio como jurídico e compliance (especialmente em contextos de produtos muito regulados).

Esse processo de cocriação antecedia o discovery da squad e servia como uma etapa de alinhamento, provocação e construção conjunta — e isso fez muita diferença na qualidade das soluções. E na prática, como trazer todo mundo para a mesa? Reservávamos algumas horas para uma sessão colaborativa (presencial ou remota),conduzida por uma pessoa com experiência em Design Thinking, que assumia o papel de facilitadora do processo. A cocriação seguia o seguintes momentos principais:

  1. Visão de Produto: através de uma dinâmica chamada “É / Não é / Faz / Não faz”, alinhamos o entendimento de todos sobre o produto. Essa dinâmica é proposta no livro “Lean Inception: Como Alinhar Pessoas e Construir o Produto Certo” de Paulo Caroli.
  2. Mapear o “As is”: entender tudo que já existe hoje, mesmo que de forma manual. Ou seja, a realidade como ponto de partida.
  3. Construir o “To be”: com base nos objetivos do negócio e dores dos usuários, discutíamos possibilidades. O que gostaríamos de oferecer? Como seria uma entrega mais robusta? Aqui, a área de negócio atua como norte, trazendo direcionamento e viabilidade.
  4. Explorar juntos: dependendo da maturidade do time, incluíamos elementos como personas, mapas mentais, benchmarks, mapas de empatia e jáadiantávamos algumas regras de negócio. As ideias ganhavam forma em ferramentas visuais como Miro ou FigJam. O Confluence ou Notion serviam para organização. Essa construção envolveu muita conversa e colaboração, não apenas entre PM e design, mas incluindo quem vai desenhar as soluções, quem vai aprovar, quem conhece a regra de negócio a fundo e até quem vai comunicar a entrega lá na ponta. Mais do que uma sequência de dinâmicas, é um momento de conversa aberta e construção conjunta.

O que a cocriação desbloqueia

Mesmo sem aprofundar todos os aspectos técnicos nesse momento, já surgem discussões importantes:

  • O que já existe e pode ser reutilizado?
  • O que exige criação do zero?
  • Que áreas devem estar próximas desde já?
  • Quais riscos regulatórios precisamos mitigar?


Inclusive, abre espaço para parcerias estratégicas com aceleradores externos: ao invés de construir tudo do zero, por que não integrar soluções já consolidadas?


E depois, como isso se transforma em entregas reais?

Depois do cocreate, seguimos para a etapa de discovery da squad, agora com um protótipo inicial e um entendimento muito mais completo do problema.
Aqui entravam ações como:

  1. Validação mais profunda da viabilidade técnica: Hora de entender como vamos resolver a solução que queremos entregar. É um ótimo momento para construir junto com o time técnico e/ou pessoa arquiteta de soluções.
  2. Levantamento e validação de serviços existentes e necessários: Agora que sabemos que o produto é viável tecnicamente, quais são os serviços e microsserviços que podemos utilizar e quais criaremos para atender à solução?
  3. Conexão com outras áreas da empresa: Envolver todas as áreas que podem barrar algo durante o processo ou que possuem conhecimentos mais profundos em regulamentações, LGPD, etc. Áreas como compliance, jurídico, atendimento e risco são grandes aliadas.
  4. Definição das funcionalidades que queremos entregar: Aqui é onde construímos o nosso roadmap como um resultado de tudo o que foi cocriado nas outras etapas.
  5. Escrita e revisão de documentação funcional e técnica: Aqui já estamos em etapa de escrita de histórias, criação dos diagramas técnicos e preparando tudo para o time começar a desenvolver.

Quando todos constroem, o caminho do roadmap se revela

Percebe como, no fim, o roadmap foi um resultado e não uma regra impositiva no processo? Todos participaram da construção, considerando diversos cenários, referências e pontos de vista de muitas áreas. Neste contexto, as pessoas no time podem ter muito mais autonomia na tomada de
decisão, pois entendem a visão do produto e suas limitações. Existem empresas que vão ainda mais além e trazem o cliente final para participar da
co-criação, construindo uma relação muito mais próxima e centrada no usuário.

Ferramentas que jogam a favor (e salvam tempo)

Aqui vai um pequeno bônus.

Para o protótipo, utilizamos Figma como ferramenta principal combinando com o design system da empresa. É uma boa opção de plataforma por permitir criar comentários de forma mais colaborativa conectando o time de UX/UI com a squad no dia a dia. A documentação era uma etapa extensa. Em contrapartida, a otimização com IA generativa foi útil para transformar anotações em documentos estruturados, histórias de usuário e até colaboração com pesquisas de mercado.

Por exemplo, ae Ingrid Coutinho trabalha IA generativa de forma muito inteligente em contextos como este. Através do processo de “alimentar a IA”, ela inclui documentos, anotações, referências e cria “especialistas” em cada assunto. Por exemplo: Especialista em regras de negócio, Especialista em legislação e LGPD, etc.

Conclusão

Quando a construção é coletiva, o time entende o destino, participa da rota e evita se perder no caminho. Um roadmap não precisa ser (e muitas vezes não deve ser) uma imposição de cima para baixo.

Ele pode ser resultado de uma construção coletiva, onde cada parte envolvida contribui para traçar um caminho mais claro, realista e sustentável. Ao aplicar práticas de cocriação desde o início, você antecipa riscos, envolve quem realmente entende dos detalhes e aumenta o engajamento de quem vai colocar a mão na massa.

Essa abordagem fortalece a autonomia do time, evita retrabalhos e aproxima as entregas da realidade do negócio e dos usuários. No fim das contas, o roadmap deixa de ser apenas um plano e se transforma em uma trilha construída em conjunto, com direção, contexto e propósito.

Quer saber como construir um roadmap de Produto?

Confira abaixo o nosso vídeo com dicas práticas que complementam este conteúdo que você acabou de ler!