Bruno Compri

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A novo estudo do Panorama do Mercado de Produto 2025-2026 da PM3 revela como o mercado de Produto está equilibrando flexibilidade, colaboração e cultura organizacional

Nos últimos anos, o modelo de trabalho se tornou um dos temas mais debatidos no mercado de tecnologia e produto digital.
Depois da revolução do home office, muitas empresas começaram a rever suas políticas, buscando um ponto de equilíbrio entre autonomia, colaboração e performance.

Mas a grande pergunta é: o que os profissionais realmente preferem – remoto, híbrido ou presencial?

A PM3 investigou essa tendência no Panorama do Mercado de Produto 2025-2026, com respostas de mais de 2 mil profissionais da área. Os resultados mostram uma clara transição no comportamento das empresas e das pessoas que constroem o ecossistema de produto no Brasil.

O cenário em 2025: remoto ainda predomina, mas o híbrido cresce

Segundo o Panorama do Mercado de Produto 2025–2026, realizado pela PM3, quase 90% dos profissionais de Produto no Brasil trabalham hoje em modelos flexíveis, seja remoto (47,53%) ou híbrido (41,93%).

Isso coloca o ecossistema de Produto como um dos mais flexíveis do país, em contraste com setores mais tradicionais, que ainda operam com alta presença física.

Para efeito de comparação, o relatório Remote Work Statistics and Trends 2025, da Robert Half1, mostra que nos Estados Unidos, 66% das vagas seguem sendo presenciais. Ou seja: enquanto mercados maduros ainda equilibram a volta aos escritórios, o Brasil, e especialmente a área de Produto, a flexibilidade segue sendo a maioria.

Entretanto, o remoto vem em queda: 47,53% atuam totalmente de forma remota em 2025, queda de 2,69 p.p. em relação a 2024. Ao comparar desde 2023, a retração chega a 14,44p.p., o que indica diminuição das posições remotas e crescimento do modelo híbrido.

O presencial, por sua vez, se mantém em torno de 10%.

“O mercado de Produto Digital no Brasil é, hoje, um dos mais flexíveis do país, reflexo da natureza digital do trabalho. O que vem acontecendo é um equilibrio entre o modelo Remoto e o Híbrido” — Bruno Compri, especialista de marketing e coordenador do Panorama de Mercado de Produto 2025–2026.

Highlights:

  • 47,53% atuam totalmente de forma remota em 2025, queda de 2,69 p.p. em relação a 2024.
  • O híbrido 1–2x por semana já representa 27,91%, crescendo sobre os 25,75% do ano anterior.
  • O híbrido 3x ou mais por semana também avança, chegando a 14,02%.
  • E o presencial total volta a aparecer com 10,53%, especialmente em empresas mais tradicionais.

Talentos de todos os cantos? Nem tanto

Com a redução de vagas remotas, as empresas podem estar, involuntariamente, limitando o alcance da sua base de talentos. O modelo híbrido, embora positivo para colaboração, reintroduz a barreira geográfica que o remoto havia quebrado nos últimos anos.

Quando o trabalho exige presença no escritório, mesmo que esporádica, profissionais fora dos grandes centros urbanos acabam sendo automaticamente excluídos de parte das oportunidades.

“Menos vagas remotas significam menos diversidade geográfica de talentos.”, opina Bruno Compri.

De 2020 a 2023, o boom do remoto abriu portas para profissionais de cidades menores e regiões fora do eixo SP–RJ–MG, permitindo contratações nacionais e até internacionais. Agora, com o avanço do modelo híbrido, volta a surgir o risco de reconcentração de talentos, especialmente nas capitais onde estão os escritórios das empresas de tecnologia.

Segundo dados do Panorama do Mercado de Produto2, mais de 70% dos profissionais que atuam na área de Produtos Digitais estão concentrados em apenas três estados (SP, RJ, MG). Com menos vagas remotas, essa proporção tende a se manter ou até crescer. E isso tem impacto direto na diversidade e inclusão regional do setor.

Empresas que voltam ao presencial sem uma política clara de flexibilidade podem perder talentos altamente qualificados que vivem em outras regiões do país, justamente aqueles que o remoto ajudou a integrar ao mercado.

“Empresas que voltam ao presencial sem uma política clara de flexibilidade podem perder talentos altamente qualificados que vivem em outras regiões do país, justamente aqueles que o remoto ajudou a integrar ao mercado.”, opina Marcell Almeida, CEO da PM3.

Na prática, essa tendência reforça um dilema: o híbrido promove colaboração, mas pode restringir diversidade geográfica. E cabe às empresas encontrarem o equilíbrio certo entre os dois lados.

Por que o cenário está mudando?

Dois fatores explicam o atual movimento das empresas de Produto:

  1. Busca por qualidade de vida: ainda é um dos principais critérios dos profissionais ao escolher uma vaga. Eles valorizam tempo, autonomia e liberdade geográfica.
  2. Retorno da colaboração presencial: empresas perceberam que certos processos, como descoberta de produto e alinhamento estratégico, fluem melhor presencialmente.

Em outras palavras: trata-se de uma adaptação ao novo equilíbrio entre performance e cultura das empresas.

O que isso significa na prática para o modelo de trabalho em Produto

Para empresas

Oferecer flexibilidade real continua sendo o principal diferencial competitivo. Mas, se o objetivo é trazer o time de volta ao escritório, é essencial deixar claro o “porquê” e garantir que esse tempo tenha valor estratégico, como momentos de co-criação, feedbacks e trocas culturais.

Para profissionais

A decisão entre remoto, híbrido ou presencial deve refletir o momento de carreira e estilo de vida. Mas é importante ficar atento: empresas de alta performance tendem a adotar políticas híbridas para fortalecer cultura e engajamento.

Para o mercado

O desafio dos próximos anos será equilibrar produtividade, flexibilidade e pertencimento. Empresas que souberem ouvir seus times e ajustar políticas de forma sustentável sairão na frente.

Conclusão

O mercado de Produto Digital no Brasil segue sendo referência em flexibilidade, mas o híbrido é o modelo que mais cresce e o remoto retrai por mais um ano.

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Perguntas Frequentes (FAQ)

1. O modelo remoto vai acabar?

Não. Ele continua sendo o principal formato em Produto, mas tende a conviver com o híbrido em equilíbrio.

2. Por que o híbrido está crescendo?

Empresas buscam mais interação, cultura organizacional e engajamento, mas sem abrir mão da flexibilidade.

3. Trabalhar 100% presencial ainda é comum?

É minoria, mas ainda presente em empresas tradicionais ou com funções que exigem interação física constante ou mais controle.

4. O que muda para quem busca emprego em Produto?

Mais opções: o candidato pode escolher entre empresas remotas, híbridas ou presenciais conforme o seu perfil e fase de vida. A notícia ruim é para quem busca apenas vagas remotas, as quedas persistentes indicam diminuição gradual da oferta nesse modelo.


O que você leu

  • O remoto segue predominante, com 47,53% dos profissionais, mas retrai por mais um ano.
  • O híbrido cresce, chegando a 42% no total (1–2x + 3x por semana).
  • O presencial resiste em 10,53% dos casos.
  • Flexibilidade é o maior diferencial competitivo em Produto.
  • O equilíbrio entre colaboração e autonomia é o foco para 2025 e 2026.

Referências

  1. Robert Half. «Remote Work Statistics and Trends for 2025». Robert Half. Consultado em 15 de outubro de 2025 ↩︎
  2. Panorama do Mercado de Produto. «1.5. Região de Residência». Panorama do Mercado de Produto 2025-2026. Consultado em 15 de outubro de 2025 ↩︎